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(imagem tirada da net)
Porque não encaixar na vida momentos de conto de fadas? Porque não olhar as coisas simples com olhos de criança? Pôr um pouco de ingenuidade e pureza de sentimentos em pelo menos um gesto por dia não será um mau começo, e de todo um mau desafio. Confesso que desde sempre fiz questão de manter acesa em mim uma faísca de inocência e ingenuidade. A tendência é associar logo a burrice e imaturidade. Mas desenganem-se os que não me conhecem. Talvez o tenha sido algumas vezes na minha vida, mas de certo nada teve a ver com o desejo de olhar o mundo por este meu caleidoscópio secreto. Tanta gente já vê o mundo tão feio, e é verdade que o é… se olharmos de longe. Mas se, como uma criança, que de tão pequena tudo lhe parece gigante, tentarmos olhá-lo bem pertinho, tentarmos ver todos esses pequenos grandes mundos que orbitam à nossa volta, descobrimos tantas coisas que vale a pena apreciar.
Uma criança é capaz de transformar qualquer caixa de papelão num castelo. Depois do castelo feito, pára diante dele, e por breves instantes, fica só a olhar, orgulhosa da sua obra. Saboreia aquele instante como ninguém, apesar de saber que ao final do dia o castelo voltará a ser apenas uma caixa de papelão. Não é a ignorância que a impede de brincar no seu castelo como se não houvesse amanhã. Ela sabe tudo o que é preciso. E a verdade mostra-lhe mais ainda que toda a vontade de brincar e ser feliz só faz sentido naquele momento. Então desfruta-o, aprecia-o, valoriza-o. E no final do dia, se tiver que chorar porque a brincadeira terminou, chora! Sem vergonhas, sem máscaras. Porque é o que realmente sente. Mas nunca se esquecerá do quão boa foi aquela tarde de brincadeira. Do quanto riu e foi feliz por ter sabido olhar aquela caixa muito além do papelão. Não foi preciso um castelo, uma caixa de papelão foi bastante.
Todas as pessoas e todas as coisas têm um pouco de caixa de papelão, têm um pouco de conto de fadas. E muitas vezes esquecemos da magia de ser criança, de agarrar nesses olhos mágicos, e em cada uma ver um castelo. Esquecemo-nos de como é fácil ser feliz, ainda que a noite chegue. Esquecemos onde guardámos a faísca da inocência. De como é bom poder rir e chorar quando é isso que apetece. Esquecemos como ver nas coisas verdadeiramente simples a razão para dizer “sou feliz”!
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