. Um par de sapatos - Parte...
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. A espera
(imagem tirada da net)
Aquela voz soava-lhe a música naquela noite. Como tinham sido longos aqueles últimos segundos de espera. Foi tempo bastante para que a eternidade se deixasse desenhar nos ponteiros do relógio. Finalmente ouvia a sua voz, ténue, doce, meiga… como da primeira vez que sentiu o sabor das suas palavras. Ainda que de uma forma dissimulada, deixavam transparecer uma névoa de desejo, de um bem-querer recém-nascido, para além do corpo, da mente, um desejo de estar mais perto, mais junto.
Tudo o que pronunciavam eram fusões quase perfeitas entre a realidade e o sonho, eram passados e desejos. Quando ela falava os olhos dele queriam demais selar-se-lhe nos lábios, ainda que só no pensamento. Quando ele falava, do resto do mundo, nada mais ficava além do silêncio, nada mais restava além daquela voz inebriante.
Estavam ambos sem chão. Tão cheios de medos e de incertezas, mas ao mesmo tempo, já tão cheios de sentimentos rebeldes a fervilhar-lhes no peito. Tudo lhes parecia demasiado romântico e utópico para ser real, porque nem o mais fantasioso dos sonhos lhes tinha mostrado tão doce ilusão.
(imagem tirada da net)
Eram dez da noite. O relógio parecia tiquetaquear lento demais para a ansiedade que sentia no peito. Não era nada que já não estivesse acostumada, mas o motivo de tal nervozinho é que era novo. Também a intensidade lhe era desconhecida. Estava habituada a sentimentos mais vorazes, de tirar o fôlego e o sono. Desta vez era diferente. Era algo surpreendentemente suave e subtil, mas que ainda assim lhe acelerava a pulsação. O telefone estava mudo, demasiadamente mudo. Ele tinha ficado de ligar precisamente àquela hora.
Tinham-se conhecido no parque. Caminhando na mesma direcção, o acaso fez com que parassem frente a frente, e sem saberem muito bem porquê, assim ficaram por breves instantes, olhando apenas um para o outro. Uma estranha sensação percorreu-lhes o corpo. Não se sentiam estranhos, parecia que já se tinham cruzado, noutro tempo, noutro lugar. Nenhum deles o disse, mas ambos o sentiram e o viram escrito no olhar. Ambos caminhavam sem rumo definido, até àquele instante, mas o momento fez questão de lhes mostrar que em mais lado nenhum deveriam estar senão ali. Surgiu o primeiro olá. Os lábios dela logo lhe responderam timidamente. Afinal estava a ir contra a regra mais básica, que logo cedo se ensina a uma criança, mas que naquele momento tinha perdido qualquer força ou razão lógica. Não o sentia como um estranho. Outras forças a moviam, outras que nem ela discernia, muito menos compreendia.
Ficaram a conversar horas a fio a partir daquele momento, a partir daquele estranho encontro. Tudo parecia fazer parte de um plano há muito desenhado… bem guardado em segredo, até ao momento em que o vento os soprou até ali. Tudo era suposto... tudo estava escrito.
P.S: Este texto tem um propósito muito especial. Em primeiro lugar, acaba por ser um pouco a continuação do último que escrevi. Em segundo lugar quero pedir desculpa se, por mero "acaso" (que foi propositado ), houver nele alguma semelhança com o último escrito pelo meu amigo Furriel, mas a ideia aqui foi conseguir juntar um pouco de mim, da minha criatividade, a um pouco da dele. Por isso Furriel, também te deixo aqui um desafio muito especial, o de continuares esta história, com a tua deliciosa imaginação. Espero que aceites!
(imagem tirada da net)
Era dia de ir ao mercado. Era sábado e ela gostava de ir bem cedinho, para fugir à confusão, apanhar as frutas mais frescas e as flores mais bonitas. Gostava de ter a casa sempre cheia de flores, para compensar o silêncio e o vazio de gente. Pelo menos as cores davam alguma vida àquele espaço. Por entre gerberas rosa-fúxia, tulipas amarelas e margaridas, ela fingia suportar toda aquela ausência de passos pela casa. Era manhã cedinho e o sol começava a entrar pelas frestas da janela. Os passarinhos, já os ouvia há umas horas. Esses, madrugadores, de certo já tinham meio dia de trabalho feito.
Deu duas espreguiçadelas valentes e enfiou os pés nos chinelos. Tomou um duche e, antes de sair, pegou numa folha branca de papel, numa caneta e escreveu… “Um dia que passeie à beira do rio, vou sentar-me no chão, de pés descalços. Vou pegar num caderno em branco e escrever-te um romance. Vou escrever o inicio e deixar o desfecho em aberto… para ti, para tu inventares comigo a nossa história, digna de um livro. Vou acender lamparinas de azeite e velas perfumadas. Vou criar o ambiente ideal para que o sonho se torne… história.”
Escrever era o maior prazer que ainda tinha. Pelo menos no papel podia sonhar e ser o que quisesse, imaginar como é ser feliz… e não se sentir tão só…
(imagem tirada da net)
Eras tu sentado na cadeira do quarto, cabeça baixa e um olhar gelado posto nas mãos. Essas, cerradas, de ossos bem salientes num duelo interior entre a raiva e o conformismo. Apesar de tudo, ainda guardas uma esperança secreta num futuro mais leve, mais doce, que um dia sonhaste mas que não há meio de chegar. Um futuro no qual já nem depositas grande esperança, mas que ainda é o mais afortunado dos que consideras possíveis.
Era eu deitada na cama, no final da tarde, enroscada em mim mesma, conformada em ter de recriar um presente diferente do que imaginei, depois de ter percebido que o que imaginei é cada vez mais distante.
Éramos ambos a desejar o mesmo em segredo, sem coragem de o dizer, nem no papel mais maltratado, prestes a ser jogado fora, preferindo o silêncio, para não arriscar cair em tentações. Era cada um de nós a pensar no esquecimento do outro e a ficar cada vez mais dormente por dentro. Éramos os dois a deixar o tempo decidir por nós lavando as mãos de culpas, apertando os dedos em arrependimentos ocultos… ainda...
Éramos dois tolos a julgar ter feito a melhor escolha. Éramos… e ainda somos…
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