. Um par de sapatos - Parte...
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(fonte: https://www.flickr.com/photos/54602205@N00/2320157196)
O dia estava de sol, mas um sol tão forte que nem dava vontade de brincar na rua àquela hora. Tinha ouvido dizer que os soldados às vezes pagavam algumas moedas em troca de pequenos favores. Lavar alguns tachos, lavar roupa, engraxar botas… Eu era muito pequeno, mas naquele dia senti-me desafiado a saber se também seria capaz de arranjar algumas moedas. Enchi o peito de coragem e fiz-me à estrada em direção ao acampamento mais próximo.
O caminho atravessava uma aldeia de onde já só sobravam destroços. Costumava passar depressa para não sentir os cheiros e não guardar memórias, mas naquele dia algo me atrasou o passo. Pensei ter ouvido uma voz no meio daquele silêncio deserto. O meu coração acelerou o próprio passo, mas olhei em volta e não vi ninguém. Voltei a pôr os olhos no caminho.
Naquela imagem havia agora algo de diferente. Deparei-me com um brilho estranho vindo do que pareciam ser os restos de uma casa na encosta, ao meu lado direito. Aproximei-me. Numa pequena fresta vi uma pedra brilhante de tom esverdeado. Brilhava como que refletindo os raios de sol. Intrigou-me como teria ali chegado e como ninguém se apercebera dela antes. Estendi a mão na direção daquele objeto aparentemente valioso e colocando-o no bolso voltei ao caminho.
- Pedro... - Novamente se ouviu uma voz, mas agora parecia bem mais próxima. Tão próxima que me voltei bruscamente, julgando ter alguém imediatamente atrás de mim. Mas não havia lá ninguém. Estava a começar a ficar intrigado e assustado. Então percebi que uma luz intensa saía agora do meu bolso, uma luz tão forte que feria o olhar. Peguei na pedra e eis que começou a falar:
- Pedro, não te assustes. Tu encontraste-me. Há muito que nenhumas mãos me tocavam mas tu encontraste-me.
(...)
(fonte: http://lounge.obviousmag.org/universo_paralelo/2014/04/05/kiev4.jpeg)
Tinha acabado de deitar o pequeno João na cama do quarto de visitas e dirigi-me para o meu quarto. Entrei e fechei a porta. Caminhei em paços cansados na direção do sofá e sentei-me, deixando cair o corpo pesado, e onde por instantes permiti que os meus olhos se fechassem e me levassem para longe.
De repente ouvi um enorme estrondo que me arrancou violentamente do sofá. Parecia ter vindo do andar de baixo da casa. Talvez da rua. Aquele ruído era-me familiar. Ouvi de novo o que pareceu ser uma explosão. O som repetiu-se. E de novo. Oh não! Estava claro! casa estava a ser bombardeada!
O medo apoderou-se de mim e foi como se tivesse voltado quarenta anos atrás. Senti-me imobilizado e impotente. Ao mesmo tempo só pensava que tinha de tirar os miúdos dali. Naquela altura já as crianças estariam em pânico, escondidas de baixo das suas camas e sem entender o que se passava. Corri ao quarto do pequeno João.
Apressei-me a entrar. Das frestas da janela percebiam-se enormes clarões alaranjados. As explosões não paravam. Abeirei-me da cama e vi que o João permanecia deitado, como se dormisse. Como podia aquela criança não ter acordado com tamanho ruído?! E se na verdade não estivesse a dormir mas sim inconsciente? Tinha de fazer alguma coisa.
- João! Acorda! Acorda João! - Abanei-o num gesto desesperado pedindo que despertasse.
- Avô! Avô! O que aconteceu?
- Anda filho, temos de fugir. Anda depressa!
- Para onde, avô? O que aconteceu?
- Não ouves? Temos de fugir!
- O quê? Ouvir o quê? De que estás a falar? Não estou a entender nada!
(fonte: https://encrypted-tbn1.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcSgS69m3QEV6-Errzzu8J2VScZB6BOKLitlZAg5AtYqF7zs4rsv)
Anoiteceu. E como todos os fins-de-semana passados com a casa cheia de miúdos a praguejas e a rir, peguei no mais pequeno ao colo, já adormecido no sofá, cansado de tanto brincar no jardim, e subi as escadas do casarão até um dos quartos de visitas. Adorava a casa cheia. Era demasiado espaço para não ser ocupado com gargalhadas juvenis. Pousei cuidadosamente o pequeno João na cama e pareceu-me vê-lo sorrir. A cabeça das crianças é um verdadeiro mistério, um mundo infinito de imaginação.
Entretanto, no sonho do João...
Cheguei ao final da rua onde finalmente se avistava uma pequena loja, meio que escondida num beco. Parecia um lugar velho e semiabandonado mas donde se vislumbravam alguns pontos de luz artificial através furos da cobertura interior do vidro. Olhei de novo para o papel confirmando o endereço. Parecia ser ali. Nada indicava que se tratasse de uma loja. Não havia sinalética e nem sequer o número da porta era bem visível. Aproximei-me e bati. Ninguém respondeu e quando bati de novo a porta pareceu ceder. Empurrei ligeiramente e chamei:
- Olá! Está alguém? Por favor! – Ninguém respondeu. Entrei. Havia uma espécie de balcão e uma série de prateleiras a toda a volta naquela pequena divisão, todas elas preenchidas de objectos que para uns não passariam de quinquilharia velha, mas que outros certamente veriam como verdadeiros tesouros. Era efetivamente aquele o lugar certo para começar procurar os sapatos do meu avô… Aqueles sapatos.
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