(imagem tirada da net)
Antes mesmo de te procurar, julgava a minha paixão por ti totalmente apagada e diluída em memórias simples e sem força, bem ao jeito de uma borracha de lápis que apaga o carvão, mas o vinco do traço permanece subtil. Assim julguei ter apagado os meus sentimentos.
Quis pôr-me á prova ao rever-te, num momento que daria um longo capítulo da minha vida por encerrado. Seria a etapa final de um caminho demorado e inconstante. Com um pequeno fio de mágoa ainda a guiar as minhas palavras e gestos, fui ao teu encontro. Mostrei-te uma pessoa que nunca conheceste. Tentei manter distância emocional, enquanto nos púnhamos a par da vida um do outro nos últimos três anos. Três anos sem nos vermos, sem nos falarmos, depois de um abraço num dia de chuva, um abraço que eu sabia ser uma despedida mesmo sem mo teres dito… eu senti-o. Passámos o passado a limpo. Explicaram-se frases que ficaram a meio. Dissemos o que tinha ficado por dizer desde então.
Decidimos tentar ser amigos, começar um novo capítulo. Começámos a sair os dois, tomar café, beber um copo. Convidavas-me para jantar, víamos um filme, ouvíamos música, cantávamos, riamos. A confiança ia crescendo. Os momentos juntos eram cada vez mais frequentes. Partilhámos pensamentos, sentimentos, fizemos confidências. Demo-nos a conhecer de novo. Encantámo-nos de novo…
Hoje estou aqui sentada a escrever e a sentir que tudo voou outra vez. Não sei se é certo pôr lado a lado ambas as histórias… Os momentos foram diferentes, os contextos também… a história foi contada de outra maneira. O que é certo é que os personagens foram os mesmos e os desfechos muito semelhantes. Sinto que estou perto de arrumar este livro na estante, mas ainda não tive coragem suficiente de o tirar da mesa-de-cabeceira. Ainda olho para ele muitas vezes. Ainda o abro de vez em quando, enquanto vir reticências no final de cada frase. Porque um dia tive a “feliz” ideia de dizer que "não há pontos finais em histórias inacabadas"…
(imagem tirada da net)
Pedaços de mim…
Pedaços que me faltam, vazios dormentes que me impedem de ser eu por inteiro. São tantas as páginas do meu livro marcadas à espera de serem lidas, que me perco sem saber qual delas ler primeiro. Porque me perco querendo chegar ao fim da história deixando por ler partes importantes. Esqueço-me que alguém outrora as numerou, talvez sabendo que pessoas como eu se poderiam perder, alguém que como um anjo guardião antecipa a nossa angústia e deixa de antemão traçado um caminho, que depois escolhemos ou não seguir.
Sinto-me incompleta. Sinto que me afastei demais de algo que era importante para mim, julgando estar a fazer a escolha mais certa. Agora não sei mais o que é ou o que significa, pois está distante como a lua, no espaço e no tempo. E essa dúvida que ajudei a criar, a única coisa que me traz é mais dúvida, como um dominó que se desmancha, caindo peça atrás de peça.
Não quero mais essas dúvidas a pesar nas minhas escolhas. Quero descobrir a ordem certa dessas páginas por ler e cuidar de ler uma por uma, até o livro estar completo e eu me sentir liberta de novo. Então ser capaz de encontrar sem procurar aquilo que outros procuram sem encontrar.
Sentada no parque das docas, sentindo o aconchego do sol quente na pele e da brisa fresca da beira-rio, renovo a minha paixão pela escrita. Vontade que cresce de dia para dia.
Há quem diga que para uma mulher ser feliz só é preciso escrever um livro, plantar uma árvore e ter um filho. A minha pretensão é começar a remar até alcançar a primeira das metas. A segunda ocorrerá quando se proporcionar, e a terceira, de certo, há-de vir com o tempo e quando a vida assim o determinar.
Mas tenho medo de que esta ânsia de escrever traga também o bloqueio e a ausência de sentimento no que escrevo. Não quero mecanizar algo que até agora só sei fazer por amor. Não quero acordar e perceber que o que escrevi não é mais lido, não por ser desconhecido, mas por se ter tornado desinteressante e vazio.
Neste momento escrever um livro não passa de um sonho. Mas um sonho como nunca antes tive. Um sonho que estou determinada a perseguir e realizar. A partir de agora proíbo-me a mim mesma de dizer que não tenho paixões e desejos na minha vida, pois acabei de desenhar a forma de ter quantos eu quiser, de ser quem eu quiser, de ir onde eu quiser... nas páginas de um livro.
(imagem tirada da net)
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