(imagem tirada da net)
Não sei onde é que acaba a dor e começa o conformismo nesta linha ténue de sentimentos indefinidos. Sei que provavelmente estarei presente muitas vezes na tua cabeça, no teu coração. Só não sei muito bem quando nem como. Mesmo assim arrisco em criar uma imagem esfumada na minha cabeça, onde te vejo no silêncio do teu quarto, com uma ou duas velas acesas, um perfume intermitente perdido no ar da roupa pousada na cadeira, depois de um dia tão igual aos outros, tão dormente, tão cegamente perturbador.
Vejo-te sentado na cama de costas voltadas para a parede fria, de olhos postos na chama trémula, como que à espera que ela te dê as respostas para aquilo que nem tu próprio consegues entender, depois desse ritual infinito de cálculos e suposições, de possíveis desfechos das tuas histórias, por vezes ainda mal começadas. Então, por breves instantes, sou dona da tua cabeça, entro na tua mente, passo por cima de todos esses teus desejos de controlo, que só servem para disfarçar os medos e aguçar curiosidades.
Sobrevoo as lembranças, e vou parando aqui e ali, embalada pela dança da chama acesa, na melodia do ar que entra pelos frisos da janela. Num instinto de defesa vejo-te rebuscar no pensamento disperso mil e uma coisas para pensar em vez de mim. Mas eu sou teimosa, sempre fui, tal como as lembranças que ainda pairam nesse quarto à luz das velas, em cada tecido, em cada pedaço de madeira ou de chão, para onde desvias o olhar à espera que eu desapareça, juntamente com tudo o que um dia julgaste possível para nós. Então, e sem te dares por vencido nesse jogo de forças quase imperceptível, entre a realidade e uma dimensão paralela onde ainda existe alguma paz de espírito, cedes um pouco e deixas-me ficar por mais um instante. Deixas-me tirar-te desse teu mundo de contradições e sentimentos perversos que te bloqueiam e te roubam a fé… não no Criador, mas na grande maioria das Suas criaturas.
Deixas-te ficar um pouco nesse lugar interior onde em tempos já conseguimos caber os dois, mesmo que só por breves instantes. Se me concentrar, acho que ainda consigo sentir nas minhas mãos o calor e o conforto que senti no dia em que me abriste a porta desse lugar. Se fechares os olhos talvez ainda me sintas por lá, porque nele há uma porta que se mantém aberta, há um chão onde eu ainda me deito, adormeço e sonho, até ganhar de volta a noção do tempo, e então voltar para o meu mundo e começar a escrever…
(imagem tirada da net)
Por melhor que saiba viver momentos de grande intensidade, sem ter de pensar no amanhã, se as relações vão ou não durar, por mais que tentemos viver desligados com a desculpa esfarrapada de sermos livres, chega um momento da nossa vida em que é preciso parar. Tudo bem que é lindo viver romances de filme, ter memórias magníficas e histórias para contar aos netos (depois dos dezoito, claro), mas não será assim tão prazeroso contar sobre as noites passadas em claro a chorar numa solidão intermitente. Chega um momento que pensar em estabilidade começa a fazer muito mais sentido. Chega de incertezas virais que se propagam e nos corroem por dentro, chega de tentar viver como se realmente conseguíssemos ser superiores a elas.
A sede agora é outra, é de muito mais do que de alguns momentos de êxtase. Não preciso mais de uma vida feita de grandes picos de emoções, tanto de júbilo como de angústia. Agora preciso de paz. De uma paz interior que não se descobre, constrói-se. Uma felicidade que não se procura, cria-se. Quero estabilidade emocional. Quero construir uma vida plena. Uma vida com altos e baixos como qualquer pessoa, mas num equilíbrio minimamente saudável. Quem ama demais também sofre demais e, mais cedo do que julga, sentir-se-á um(a) velho(a) de oitenta anos com uma aparência de trinta.
Não é triste viver-se numa felicidade mediana. Não há que ter pena de quem vive assim. Quem vive uma vida inteira de uma felicidade amena, vive muitos mais anos feliz do que quem ama demais e quebra no meio do caminho. Amar cura, mas como qualquer remédio tem de ser na medida certa. A felicidade vem quando o remédio faz efeito, quando injectamos leves doses de amor, verdadeiro amor, que nem sentimos falta de mais. Uma felicidade amena que preenche, não tão intensa, mas nunca menor. Um estado de alma que se sustenta e sabe tão bem…
(imagem tirada da net)
Era capaz de te escrever 365 cartas por ano e em cada uma dar-te uma razão diferente para gostar de ti. Mas estamos num tempo em que as cartas parecem já não fazer sentido, porque mostram amor demais.
Já dançámos junto ao rio, debaixo das estrelas… e ficámos abraçados a ouvir o som da corrente a passar… Pudesse ela levar o que nos separa. Pudesse a água que nela corre regar a semente que nos uniu, que nós semeámos.
Não são escassas as vezes que ponho uma música a tocar, que me traz de volta momentos que já só são memórias… doces memórias. Como um amor de Verão… uma estrela cadente que coloca toda a sua beleza, todo o seu esplendor num momento apenas, no momento em que o céu se ilumina de a ver passar. Então sinto… fico só a sentir. E quando me sinto dividida entre o sorriso e a lágrima de saudade, reabro a caixinha dos sorrisos que fui guardando cada vez que sorrias para mim. São eles que dão sentido a cada momento passado a teu lado. É por isso que sempre escolho sorrir quando a música toca, quando as memórias chegam bem à flor da pele.
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