(fonte:www.facebook.comphoto.phpfbid=427971637265454&set=pb.157842324278388.-2207520000.1352666002&type=3&theater)
Diz-se que o diálogo leva ao entendimento. Certo é que a minha família sempre funcionou na base da célebre frase de policial americano, “tem o direito de permanecer em silêncio; tudo o que disser poderá ser usado contra si.” Se isto é saudável? Definitivamente não. Foi o suficiente para fazer de mim uma pessoa incapaz de argumentar em situações de grande stress. Todo o meu sistema operativo boqueia e, por vezes, até parece que estou num outro lugar qualquer.
Em minha casa sempre foi muito difícil conversar. Não é que não existissem conversas porque existiam, mas acabavam quase sempre da mesma maneira. Talvez seja apenas a forma como assimilei os diálogos com o passar dos anos, mas a minha perceção construiu em mim uma visão irrealista do que é conversar, fosse sobre sentimentos, preocupações ou opiniões.
O diálogo leva ao entendimento. Mas o modelo de diálogo que conheci, quase sempre levava ao desentendimento, ou pior, levava ao não entendimento de mim mesma. Acho mesmo que interferiu na construção dos alicerces da minha autoconfiança. Criou em mim um medo de julgamento. E na eminência da possibilidade de ser julgada, percebi que o melhor é calar.
É claro que hoje compreendo tudo isto e por isso consigo contornar os seus efeitos. Se os pais soubessem bem o quanto influenciam os filhos… Para o bem e para o mal. Consigo no entanto perceber que os meus sempre fizeram o melhor que souberam e, só por isso, têm muito valor. Todos nós vamos aprendendo ao logo da vida e se calhar, se fosse hoje, fariam muitas coisas de forma diferente. Resta-nos perceber o que não foi feito da melhor forma e melhorá-lo nós, como um puzzle construído a várias mãos…
(imagem tiradada net)
Estava com muita vontade de escrever hoje, mas no meu interior, confuso como sempre, decorria uma pequena batalha. A escrita na minha vida é uma necessidade quase tão básica como comer, dormir, respirar... No entanto surge sempre com mais intensidade em momentos críticos, em que me sinto mais frágil, e porque não há por perto um ombro permanentemente disponível para nos amparar, secar as lágrimas, ouvir desabafos ou compreender as dores. Como tal, hoje duvidei da verdadeira origem desta vontade súbita de escrever. Senti-me estranha ao longo do dia, receosa de estar iminente mais um deslize das minhas emoções. O silêncio por vezes já vai ajudando a manter-me firme, mas como ainda não domino muito bem a arte de estar no silêncio, como de vez em quando ainda deixo emergir em mim alguns medos antigos, velhos hábitos, por vezes disperso-me da verdadeira dádiva que o silêncio nos pode dar. Aquilo que deve ser o caminho mais directo para o interior de nós mesmos, sempre foi para mim um “bicho papão”, um motivo de tensão e confusão. Apesar de tudo acho que já ultrapassei o mais difícil, já identifiquei o problema, as suas causas, e já comecei aos pouquinhos lidar com o meu “fantasma”. Pouco a pouco vou tornando o silêncio num aliado em vez de um inimigo. Apesar disso, é ainda no silêncio que algumas dessas pequenas batalhas surgem, esses pequenos nadas que começam a borbulhar cá dentro tornando-se cada vez maiores se lhes dermos de comer. Mas é também no silêncio que habita o nosso poder de escolher se lhes damos ou não mais comida. É no silêncio que melhor nos podemos ouvir (era precisamente isso que me assustava, o ter de me ouvir a mim, alguém tão mais habituada a falar e a pensar através do ouvir… os outros). A mente consegue ser muito traiçoeira e inconveniente para quem não está ainda totalmente confortável no silêncio. Talvez seja mais o ego quando se serve dela para nos confundir e fazer voltar aos velhos hábitos, àquilo que, de certo modo, é mais confortável pois já está enraizado. O ego serve-se do silêncio para virar a mente contra nós. Injecta permanentemente pensamentos que não precisamos, lembranças, dúvidas, coisas inúteis, quando o necessário é olhar em frente, descobrir caminhos, primeiro até nós e depois para o mundo.
E sem querer já me fartei de divagar… Estava com muita vontade de escrever hoje, afinal pelos motivos certos. Porque preciso, mas mais que isso, porque gosto.
(imagem tirada da net)
Por vezes não é preciso procurar as respostas, elas encarregar-se-ão de vir ao nosso encontro.
Dei por mim a ler um blog chamado "Confissões de uma mulher de 30". Uma a uma, começo a ver as últimas entradas. Então paro num texto intitulado "Se eu calar a voz...". Sem querer descubro nas palavras de uma desconhecida a resposta à minha fragilidade do momento.
Tenho falado contigo sem que me ouças, tenho-te escrito como se me lesses, tenho-te contado o que vai dentro do meu peito. No entanto, as palavras que escrevi, não chegarão aos teus olhos, pelo menos por enquanto. Dou por mim a pensar que, dizer-te tudo o que me passa pela cabeça, será demasiado imprudente. Não quero dizer coisas por dizer. Não quero dizer coisas em momentos errados. Não quero sobrecarregar-te com as minhas inseguranças. Mas elas estão cá e tenho de aprender a contorná-las. Só temo que, no tempo que demorar a vencê-las, tu te desiludas comigo.
Sei que, cedo ou tarde, as minhas respostas acabam sempre por surgir. Não tenho a certeza se esta encaixa na perfeição no momento, mas o que sinto cá dentro diz-me que está muito perto da realidade.
Eis que surge uma mulher, que escreveu também para alguém importante. Alguém com quem partilha intimidade, sentimentos. Descreve momentos em que as palavras não predominam, em que o silêncio impera. Assim como tu, precisa de momentos de silêncio. Não que esteja triste, apenas não tem nada a dizer. Ou tem, mas não quer ou não precisa de o fazer. Precisa apenas de se deixar ser, permanecer. São momentos em que o pensamento voa longe, até onde a realidade é recriada à sua medida, sem deixar de o ser no entanto. Então diz-lhe que, quando assim for, não tema, não questione, que fique apenas com ela, de mãos entrelaçadas, porque há horas em que essas mãos são muito... outras ainda em que são tudo. Ou então que a abrace, para que a esperança de que ainda há histórias que acabam bem se renove. Acho esta mulher parecida contigo, não só nos silêncios, mas no que está para além deles.
Quero aprender a ficar perto, a partilhar o silêncio, esse mistério com o qual ainda não sei lidar. Talvez por estar demasiado habituada às palavras, porque as amo. Tu sabes o quanto gosto de falar… de escrever. Ensina-me a ver para lá dos teus silêncios, a amá-los como palavras sem escrita, palavras sem lábios…
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